Canais do youtube: qual é o tom?

O desenvolvimento de um material para as mídias sociais começa, claro, com um bom conteúdo, apesar de que nem sempre é isso o que encontramos. Depois, é feita a organização dessas informações e o planejamento da apresentação, para que seja atraente, acessível e significativa.

SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

Na produção de conteúdo para as mídias sociais, não devemos pensar apenas no que queremos dizer, mas imaginar uma conversa, levando em consideração os possíveis ou prováveis espectadores e seus interesses. Mesmo que não consiga prever todas as intenções e as formas de disseminação de determinado conteúdo, o objetivo não é falar sozinho.

Quase nunca é por acaso que alguém para em um canal sobre construtivismo russo, por exemplo, para assistir a um vídeo de 20 minutos. Quem buscaria? Quem teria interesse? O que o espectador pode querer ao acessar seu canal?

O usuário pode estar procurando indicações de filmes, buscando argumentos para um trabalho da faculdade, pode ser fã do movimento e querer saber mais a respeito do tema. Mas é provável que o usuário seja um especialista e busque informações mais aprofundadas e diferentes do que encontraria na Wikipédia ou em blogues de arte. Pensar sobre isso pode ajudar a definir a abordagem que será adotada.

Handley e Chapman, autores do livro Regras de Conteúdo, mostram um caso interessante de uma pequena empresa de piscinas, a River Pools. Quando se faz uma busca por termos gerais como piscinas ou piscinas de alvenaria, o Google tende a mostrar as empresas maiores. Então, a empresa focou em termos de busca mais específicos, com três ou mais palavras, que podem gerar menos buscas e visitas, mas que conduzem as pessoas a conteúdos mais aprofundados e que refletem melhor o que elas procuram. Isso fez a empresa se transformar em uma referência do tema, ampliando as vendas e o posicionamento no mercado.

Um dos donos da empresa considera que a maioria das pessoas é sofisticada em suas buscas e não procura apenas por termos gerais, como piscinas. Por isso, a produção de conteúdo da empresa pretende responder dúvidas como: Por que tem bolhas de ar na minha piscina? Como escolher quem vai construir sua piscina? Quais são os principais problemas das piscinas em fibra de vidro? As informações precisam ser úteis, ajudando as pessoas a resolverem seus problemas.

E a ideia de segmentação do público, abordando temas menos abrangentes, que poucas pessoas tenham interesse, é uma estratégia que pode ser observada em diferentes tipos de materiais. Quanto mais específicas as revistas, por exemplo, mais o público interessado tende a se identificar com a publicação, mais sente-se representado e ainda busca contribuir para sua divulgação.

Voltando ao nosso exemplo, podemos pensar em um canal para o YouTube que aborde os movimentos do cinema, ou um aspecto específico deles, como a iluminação, a montagem, a direção ou o movimento do construtivismo russo, ou como as cores são exploradas pelo movimento no cinema, ou o vermelho e o cinema, assim por diante. Porém, para ser mais específico, será necessário aprofundar, conhecer mais sobre o assunto, refletir, comparar, criar relações.

Um dos aspectos mais importantes no conteúdo on-line é ser autêntico. Isso não significa apenas que o trabalho foi feito por você. A palavra nos remete a muito mais do que isso. Quando fazemos uma pesquisa na internet sobre um assunto específico, é comum observar que muitos produtores de conteúdo também fazem pesquisas na web e acabam por repetir, repetir e repetir, algumas vezes mudando as palavras sem acrescentar nada de novo. Autêntico é algo verdadeiro, valioso, confiável e original. Para isso, é necessário conhecer bem o tema, algo que exige muito trabalho e dedicação.

O conhecimento inspira a originalidade.

Handley e Chapman

basteriscob

Na definição do conteúdo, é importante considerar que imagens podem ser mais do que ilustração de uma fala ou texto escrito, podem ser conteúdo relevante. Por exemplo, imagens, infográficos, animações criativas podem comunicar ideias para além do que é dito.

Depois de reunir o conteúdo que será apresentado, organize as informações, separe o que é principal e o que é secundário, o que é destaque, o que pode ser título ou subtítulo. Crie um repositório com todo o conteúdo, organize tópicos e planeje a construção do seu material.

SELEÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES

Um bom design não faz apenas uma bela apresentação do conteúdo, faz a informação ser atrativa, concisa, compreensível e acessível.

O processo de criação deve ser leve e livre, isso contribui para os melhores insights, mas não significa que essas boas ideias sejam pertinentes ou estejam adequadas ao projeto. Assim, é importante definir previamente os conceitos, os objetivos do projeto, o estilo, as ideias a serem transmitidas e as ações que pretende instigar. É em relação a essas definições que será possível avaliar as alternativas geradas no processo criativo, seja do nome do canal ou de seu projeto gráfico. Veja alguns exemplos:

TEMA: Análise sobre conteúdos de terror.

CONCEITOS: iInformal; discutível; humor; espontaneidade.

CRÉDITOS: Gabriel Bispo de Araújo, Gabriel Gomes, Igor Felipe Schmitt, Letícia Gomes e Michel Dardaque Santos.

TEMAl: Cinema latino-americano

CONCEITOS: análises; curiosidades; making off; críticas.

CRÉDITOS: Gabriel Rufino, Juliana Fonseca, Maira Feboli, Maria Eduarda, Mélany Peres.

TEMA: Trilha sonora de cinema. CONCEITOS: curiosidade, musical, informal. CRÉDITOS: Erick sauza, Manoel Neto.

TEMA: Análise de filmes e de fatos históricos da época do Neorrealismo Italiano. CONCEITOS: sátira; simplicidade; política. CRÉDITOS: Bruno Varela, Bruno Duarte, Maciel Schlosser Júnior, Rafael Cassaniga, Vinícius Fidelix Jansen.

TEMA: Resenhas documentais sobre diferentes filmes. CONCEITOS: acessível; jovial; inclusivo. CRÉDITOS: Laura Dias, Davi Magalhaes, Genesis Quijada.

TEMA: Análise de cinema, séries e músicas.

CONCEITOS: discussão; informação; descontração; diálogo.

CRÉDITOS: Anderson Meyer; Eduardo Formigoni; Enrico Tartari; Gabriel Menezes.

TEMA: Resenhas de filmes.

CONCEITOS: acessível; jovial; inclusivo.

CRÉDITOS: Paula Vitória Pessoa; Gisiele Monique de Oliveira.

É também com foco nos objetivos e conceitos que o roteiro dos vídeos é elaborado. E cada detalhe contribui para isso. Como o conteúdo será apresentado? Você falando? Voz em off? Será apresentado por atores? Será uma conversa informal? Em formato de entrevista? Ou um conjunto movimentado de imagens, falas e animações?

E como será mostrado? Mesmo que seja uma cena estática como uma entrevista, é importante pensar estrategicamente em cada momento. Pode-se mostrar de longe, com close em quem fala, intercalar com outras imagens e criar destaques ou provocações.

Depois de tudo planejado, é hora de produzir considerando a acessibilidade: inclua a tradução para Libras. Se não for possível, recomenda-se legendar os vídeos, isso é muito útil para os surdos e as legendas podem ser usadas por softwares de tradução. Cuide para que as legendas não sejam muito rápidas e procure não quebrar as frases. Avalie o material com públicos diferentes.

Veja mais alguns canais sobre movimentos do cinema e da arte moderna, e observe as soluções adotadas.