SITE EM SIGN WRITING

O portal do IFSC disponibiliza um repositório de periódicos científicos e utiliza o sistema Open Journal Systems (OJS) que foi criado no Canadá e popularizou-se no Brasil como Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEERS).

Entre as vantagens desse sistema, está a submissão das revistas pelos próprios autores, os mecanismos de busca avançada e a opção de selecionar o idioma de sua preferência, tornando o processo de navegação mais agradável e ajustado ao perfil do usuário. 

O projeto Sistemas de Revistas Científicas em Libras (SWOJS)  teve como objetivo tornar esse ambiente de pesquisa acadêmica mais acessíveis ao público surdo por meio da Língua Brasileira de Sinais, especificamente em sua modalidade escrita, o SignWriting.

O SignWriting foi criado por Valerie Sutton, em 1974, para registrar os movimentos da dança. A ideia foi adaptada para a criação de uma forma de escrita em sinais. O sistema de representação dos sinais é composto de informações como: configuração e orientação das mãos, movimentos, ponto de articulação do sinal, tipos de contato das mãos com partes do corpo e expressões faciais.

O SignWriting possibilita a escrita em qualquer língua de sinais, sem que haja a necessidade de tradução do texto para uma língua oral. É uma escrita valorizada pelos surdos e tem sido usada em vários países, sendo muito popular nos Estados Unidos. Entretanto, no Brasil, apesar de seu recente desenvolvimento, o SignWriting ainda não está plenamente disseminado.

A implementação do SignWriting na interface do site de periódicos científicos exigiu não apenas a criação de uma biblioteca em SignWriting, mas a adaptação da interface para a apresentação dos símbolos referentes aos sinais da Libras, que foram distribuídos para uma leitura na vertical.

Para entender se o resultado do projeto SWOJS foi capaz de promover melhorias em relação a acessibilidade do público surdo, o trabalho de conclusão de curso (TCC), realizado por Lais Rovani Teixeira, avaliou a usabilidade da interface em SignWriting.

O TCC Avaliação de usabilidade de um site acessível em SignWriting: projeto SWOJS teve como objetivo avaliar a usabilidade do site com usuários surdos que possuíam diferentes níveis de fluência em SignWriting.

Lais utilizou como referência a Norma ISO 9241-11 (1998). Conforme a norma, avaliar a usabilidade é medir a eficácia, a eficiência e a satisfação na realização de tarefas específicas no uso de um produto. A avaliação precisa levar em consideração também as características dos usuários e o contexto de uso. Para avaliar a eficácia, é observado se o usuário completa as tarefas com êxito. A eficiência verifica se realizar a tarefa foi muito difícil, demorado ou dispendioso. A satisfação avalia se realizar a tarefa foi agradável.

E para fazer uma avaliação, é preciso definir os critérios de avaliação e planejar muito bem a realização dos testes com os usuários. Veja como o estudo foi feito:

METODOLOGIA

A análise da usabilidade foi realizada com usuários surdos e o planejamento metodológico se deu da seguinte forma:

1. Planejamento do teste de usabilidade.

2. Definição do modelo de teste de usabilidade.

3. Definição do roteiro do teste.

4. Elaboração de instrumento de pesquisa do tipo entrevista semiestruturada.

5. Definição do número de testes e convite aos voluntários.

6. Elaboração do termo de consentimento livre e esclarecido.

7. Definição de equipamentos e ferramentas necessários para os testes.

8. Aplicação do teste de usabilidade do sistema SWOJS com usuários surdos.

9. Análise dos resultados do teste a fim de mapear e documentar dificuldades e sugestões de melhorias.

Os testes de usabilidade foram feitos com três usuários surdos utilizando a ferramenta de interação síncrona Google Meet e registro das videochamadas em vídeo para posterior análise. Os testes incluíram:

Entrevista inicial – para coletar alguns dados de perfil e mapear os diferentes tipos de usuários participantes, especialmente no que se refere aos conhecimentos da Libras e do SignWriting.

Condução das tarefas – para o teste de usabilidade, foram definidas quatro tarefas principais:

1. Criar uma conta.

2. Fazer o download do número mais recente de uma revista científica.

3. Fazer o download do número mais antigo da revista.

4. Encontrar as Informações para Autores.

Para cada tarefa foi avaliado o sucesso e o tempo para a sua conclusão, além dos erros cometidos no processo.

Entrevista semiestruturada – foi realizado um tipo de entrevista, com um roteiro de perguntas previamente organizado que permite se desdobrar em outras perguntas, visando ouvir as sugestões e comentários dos usuários.  A entrevista com cada um dos participantes foi conduzida em Libras e depois transcrita para a análise.

RESULTADOS

Foi observado que dois participantes não conseguiram concluir o cadastro por não compreenderem qual botão era de fato o que finalizava o cadastro. O sinal de Instituição/Filiação não foi compreendido de maneira clara por nenhum dos participantes. Foi citado que o sinal poderia ser compreendido apenas como IFSC.

Algumas sugestões foram registradas como: aumento do tamanho e do contraste dos sinais, a revisão da contextualização da tradução e a adição de feedbacks visuais.

Mas os participantes conseguiram concluir a maior parte das tarefas propostas de maneira autônoma e os três participantes indicaram que o uso do SignWriting é positivo e facilita a navegação.

Além disso, foi constatado que a diferença no nível de fluência da Libras escrita dos participantes não foi definidor, quer dizer, mesmo para aqueles que não tinham um nível avançado de compreensão, o sistema foi capaz de facilitar o uso da plataforma.

É muito mais fácil para o usuário surdo identificar cada campo de conteúdo por meio dos sinais escritos, já que alguns se assemelham ao utilizado na sinalização em Libras. A ideia de maneira geral se mostrou benéfica pois auxilia na acessibilidade, de fato, do usuário surdo na navegação pelo site.

Laíse de Moraes

Lais considerou que a acessibilidade proposta foi atingida por meio da tradução para a língua de sinais escrita, que tornou a experiência de navegação mais visual para os surdos. Isso abre possibilidades de outros sites utilizarem o Sign Writing contribuindo para a navegação dos surdos e para a disseminação da sua escrita.