Veja em alguns estudos visuais como os elementos básicos do design podem contribuir para transmitir determinada sensação. Com base na análise de trabalhos de design, imagens fotográficas e cenas de filmes, foi observado como as cores, texturas, profundidade, tamanho e mesmo o vazio influenciam percepções e provocam sensações como medo, fome, nojo, tédio, alegria, liberdade.
Para aprofundar o estudo, foram feitos ensaios fotográficos experimentando diferentes técnicas de composição, contextos e iluminação, analisando o que mais contribuiu para transmitir sensações e emoções distintas. Veja algumas observações.
LIBERDADE
Gustavo Carvalho, Jéssica Vitória, Maria Antônia Coelho, Maria Eduarda Ribeiro
Observe como os espaços amplos contribuem para transmitir a sensação de liberdade.
O movimento intensifica ainda mais a sensação: pássaros voando, pessoas correndo, saltando, o vento, todos são elementos potentes.
Juliana, Renato, Beatriz, Luis Gabriel
Juliana, Renato, Beatriz, Luis Gabriel
Gustavo Carvalho, Jéssica Vitória, Maria Antônia Coelho, Maria Eduarda Ribeiro
Gustavo Carvalho, Jéssica Vitória, Maria Antônia Coelho, Maria Eduarda Ribeiro
O movimento precisa ser fácil, fluido, pois o esforço da subida, por exemplo, diminui o poder de transmitir a sensação de liberdade.
Gustavo Carvalho, Jéssica Vitória, Maria Antônia Coelho, Maria Eduarda Ribeiro
Observou-se que as cores não contribuíram tanto para transmitir liberdade, porque tanto nas fotos em preto e branco como nas coloridas, a composição com grandes áreas vazias e a representação de movimento foram mais importantes.
Juliana, Renato, Beatriz, Luis Gabriel
TÉDIO
O tédio está relacionado com a ausência de estímulos externos, é um desconforto de não ter algo para ocupar a mente.
Cristiane, Camila, Paula, Sônia.
A sensação de tédio pode ser representada com significativos vazios. Essa quietude e imobilidade provocam um certo mal-estar que pode ser amplificado com uma composição que privilegie as linhas horizontais. As diagonais nos fazem deslizar o olhar pela imagem e transmitem uma sensação de dinamismo, de movimento. Observe quais imagens provocam mais tédio:
Cristiane, Camila, Paula, Sônia.
Cristiane, Camila, Paula, Sônia.
Cristiane, Camila, Paula, Sônia
As cores também podem ajudar. Os tons de cinza de um clima chuvoso, a neblina ou, ao contrário, um ambiente muito ressecado, poeirento, pode remeter a lembranças de momentos de espera, de desânimo, de tédio.
Ana Paula, Bruna Massuquetti, Maria Virgínia
Ana Clara, Ingrid, Thalita, Carlos Felipe
As cores são realmente um dos elementos do design que mais influenciam nossas emoções, além de provocarem reações psicológicas importantes. As cores podem influenciar percepção de temperatura, distância, tamanho peso, e podem servir como alerta; já se reconhece o poder terapêutico das cores. A ausência de cores ou de contrastes pode ser útil para o objetivo de transmitir a sensação de tédio ou de melancolia.
Cristiane, Camila, Paula, Sônia.
Fome
Franciele Marinho, Lucas Carvalho, Nátaly Silva
As cores são muito importantes também para provocar fome. Estudos mostraram que as cores nos tons de pêssego e os alaranjados estimulam o apetite. Compare.
Jenifer Capeletti, Isabelle Simonetto
Os tons de rosa e violetas são muito usados para doces, guloseimas e licores. O rosa é mesmo a cor da doçura.
Jenifer Capeletti, Isabelle Simonetto
O ambiente bem cuidado, caprichado, com alguns detalhes delicados complementando a imagem de um prato de comida pode deixar tudo mais apetitoso, até mais do que mostrar um pedaço da comida.
André Luiz, Jeferson e Joabe
Nojo
Jeferson Hoffmann
Jeferson Hoffmann
Se olharmos um cocô, isso pode nos provocar a sensação de nojo. Mas se percebemos, olhando mais de perto, um detalhe como um pelo ou um grão, por exemplo, a coisa pode ficar muito mais nojenta. A textura é importante para provocar essa sensação. A meleca, a textura gosmenta é potente para isso.
Luiz Fernando, Luiz Eduardo, Maria Valentina
Luiz Fernando, Luiz Eduardo, Maria Valentina
Durante a pesquisa de imagens, percebemos que a textura era um elemento gráfico muito importante para trazer a sensação de nojo e, assim, alcançar o objetivo proposto para o nosso ensaio fotográfico. Logo, pensamos que uma das opções seria envolver os objetos numa substância que fosse pegajosa, melequenta, gosmenta. Na primeira imagem, optamos por um desfoque de fundo para enfatizar a viscosidade da substância que envolve os objetos nessa cena. A desorganização dos objetos também contribui para trazer essa sensação de falta de higiene. Para as fotos seguintes, sabíamos que teríamos que ser um pouco escatológicos e apelar para além do “instinto de higiene” do público. Afinal, coisas que nos causam nojo são em sua maioria sensorialmente desagradáveis, sujas, cheiram mal, mas também podem nos causar repulsa em pensamento. Sendo assim, buscamos atingir o preconceito que pode existir em cada um de nós. Sem autocensura, fomos procurar o que poderia estar no imaginário coletivo e que pudesse ser considerado tradicionalmente abominável, vergonhoso, repulsivo. Foi assim que chegamos nos fluídos corporais que são historicamente atravessados de tabu e preconceito. Então imaginamos e produzimos “cenas” em um escritório que contassem uma pequena história e que através de alguns pequenos detalhes e de um elemento inusitado, que fosse estranho a essa cena e representasse algum desses fluídos corporais, o público pudesse completar a cena em sua imaginação. Queríamos apontar que nenhum fluído verdadeiro foi usado na produção das imagens.
Demison Teixeira, Jheni Francini Ribeiro, Rodolfo Hünninghausen, Senir Francisco De Paula Junior
Demison Teixeira, Jheni Francini Ribeiro, Rodolfo Hünninghausen, Senir Francisco De Paula Junior
Demison Teixeira, Jheni Francini Ribeiro, Rodolfo Hünninghausen, Senir Francisco De Paula Junior
Alegria
Para transmitir alegria, podemos contar com o colorido, mas é a espontaneidade que mais envolve os observadores. A alegria é contagiante. E não é a beleza planejada e a organização perfeita que mais contribui para isso. Observe: qual imagem nos provoca maior sensação de alegria?
Thayani, Ethianne, Gabriela
Thayani, Ethianne, Gabriela
Thayani, Ethianne, Gabriela
Medo
Alexandre, Anne Borowski, Israel Félix Salgueiro Júnior, Pedro Grando Rauen Calixto, Meiry Anne Manoel
O medo maior é o medo do desconhecido. Por isso, os claros e escuros marcados, que revelam apenas pequenas partes da imagem, levantam suspeitas. Os contrastes fortes e ofuscantes, os desfoques, o jogo entre transparência e opacidade podem ser aterrorizantes, mais do que a imagens de monstros ou atrocidades.
Os lugares antigos empoeirados e abandonados, ruínas, porões, celas, lugares sujos, repugnantes, onde não se gostaria de estar, são muito explorados em filmes e games de horror. Seres de outros mundos, vestígios de sangue e vísceras também contribuem para criar um clima de tensão, suspense e medo.
Felipe Geisleschter Soares, Luis, Kelvin, Hakeen
Fernanda, Gabriel e Nathália
Fernanda, Gabriel e Nathália
Manfred Schaberle da Silva
Nesses ensaios, foram feitas muitas fotos e observados comparativamente quais elementos eram mais importantes para intensificar a percepção de diferentes sensações. O estudo não nos oferece, evidentemente, uma solução gráfica, um template pronto para cada situação, apenas uma provocação. Observe.