A proposta do dança em Libras é uma “balada” (festa) bilíngue, que visa oportunizar uma experiência de imersão tanto para surdos quanto para ouvintes.

Os participantes entram numa sala escura e escolhem uma das músicas que estão disponíveis, através de um tablet ou celular. Cada música tem um conjunto de jogo de luzes projetados sobre as pessoas, o que contribui para transmitir a vibração do som.

O trabalho também inclui um vídeo, com a coreografia da música escolhida e interpretação em Libras, que é projetado numa tela.

Se Ela Dança Eu Danço – Mc Leozinho

Na sala, estão disponíveis um espaço para fotos e adereços como chapéus, óculos, plumas etc., que podem ser usados livremente.

NARRATIVAS DE IMERSÃO

Os participantes interagem através da escolha de músicas e buscando imitar a dança do vídeo. A bailarina adota estilos variados de acordo com a música. A dança, o figurino, os efeitos de luzes, cores e os elementos animados foram desenvolvidos buscando transmitir a vibração do som e, junto com a interpretação em Libras, pretendem atrair a atenção, despertar a curiosidade e promover a imersão dos participantes.

Para isso, o grupo que desenvolveu o trabalho fez uma pesquisa sobre cada música, observando figurinos, adereços e maquiagens usados pelos músicos e cenários, além de cores e luzes dos shows.

Por exemplo, para a música Ai Ai Ai de Vanessa da Mata, os estudantes observaram as seguintes características:

  • Estilo roots
  • Hippie

E escolheram os seguintes acessórios para usar na performance:

  • Óculos redondo
  • Vestido longo (opção 1)
  • Calça boca de sino e regata (opção2)
  • Bandana
  • Acessórios hippies

SOM E VIBRAÇÃO

Para as animações, os recursos gráficos explorados seguem o estilo geral da música e vibram de acordo com o ritmo.

Também foi feita uma pesquisa sobre o som e as cores no intuito de planejar o ambiente com jogo de luzes.

O estudo da relação das cores com as propriedades do som é muito interessante, mas não garante que as cores selecionadas provoquem a mesma percepção que a música oferece.

Assim, como a seleção das notas musicais não faz a música ser o que é, a seleção técnica de cores e formas não garante a arte. Precisa mais. A pesquisa teve que ir além e explorar a qualidade artística da exposição para promover a imersão. E é aí, na experimentação da arte, que se pode estabelecer uma relação entre a experiência dos surdos e dos ouvintes participantes.

As cores foram escolhidas cuidadosamente, não apenas pela relação entre a intensidade do som e o comprimento de onda da cor, mas foram exploradas de forma intensa e provocativa.

AS REFERÊNCIAS

O trabalho começou com o estudo de referências, buscando exemplos tanto de tradução de músicas como de espaços que buscam integrar os surdos na experiência rítmica.

TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO

O grupo contou com a participação do estudante surdo Yuri Alessandre e com a colaboração do intérprete Tom Mim Alves para fazer uma glosa das letras das músicas.

Glosa é o texto escrito, utilizando a estrutura da Libras na composição das frases, e serve para ajudar na tradução.

Yuri Alessandre

A coreografia da bailarina foi então alinhada para incorporar a sinalização. E foram feitos muitos, muitos estudos, muitos testes, muitas tentativas, para integrar os movimentos da dança com a interpretação em Libras.

PRODUÇÃO

Usando o estúdio com o fundo verde para recorte na edição (croma key) foram feitos os ensaios, gravações e regravações. Depois, no trabalho de edição, foram inseridos os efeitos.

A produção do ambiente da exposição envolveu também trabalho de design e programação.

IDENTIDADE VISUAL

O projeto de identidade visual buscou transmitir os seguintes conceitos: movimento, dinamismo e jovialidade.

A solução adotada procurou representar movimento e explorou as cores saturadas e vibrantes, as quais foram também usadas nos vídeos.

Nas exposições realizadas, foi possível observar a participação de surdos e ouvintes de forma integrada e divertida. O experimento propicia uma experiência ritmada para quem não escuta a música. Do mesmo modo, oferece uma experiência para além da percepção sonora para quem descobre novas palavras em Libras, uma língua visual capaz de expressar poesia de uma forma surpreendente, mesmo para aqueles que não são fluentes.